Engraçado
tentar falar de alguém que pessoalmente não conheço, mas que me parece tão
familiar. Cresci escutando Engenheiros, meus pais adoravam e isso fez com que
eu e meus irmãos criássemos esse laço com a banda.
De
inicio era um gosto pelo grupo. Tínhamos uma bandinha nossa que só tocava
Engenheiros do Hawaii. Mas ao longo dos anos o gosto foi crescendo, e a gente
foi crescendo também. Fomos tentando entender o que cada música tentava falar.
Eu,
particularmente, ficava fascinada. Sempre houve inspiração, vontade de entender
toda aquela confusão que era muito bem descrita nas músicas. E esse encanto me
fez começar a escrever, me fez querer tentar expressar as coisas através de
palavras no papel também, e hoje é algo que realmente amo e não vivo sem.
Quando
queria escrever e precisava de uma pitada de criatividade eu escutava
Engenheiros. Aliás, eu escutava as músicas por qualquer motivo: porque estava
feliz demais e o sorriso não cabia no rosto; porque queria refletir sobre as
coisas que estavam acontecendo e não sabia o que fazer; quando queria relaxar; quando
estava triste e precisava de consolo e as lágrimas precisavam cair. Sempre
achava o conforto certo naquelas palavras que eram selecionadas pelo Humberto.
Certos
trechos de músicas, ou até músicas inteiras, às vezes, me fazem arrepiar com
tamanho sentido. Mas naquela canção que parece encontrar razão, eu encontrava a
minha razão. Eu dava o sentindo que queria para me reconfortar. Mas aí está o
grande mistério e o enorme fascínio: as músicas cabem em qualquer situação e
podemos dar o sentido que quisermos e assim tornar aquilo verdade e nos dar
motivo. Ás vezes o mesmo trecho nos faz ir fundo, acreditar que devemos ir, mas
também nos faz recuar e acreditar que aquilo não vale à pena, porque eu não vim
até aqui pra desistir agora.
Quando
Engenheiros acabou, eu entrei em choque, não acreditava que tudo aquilo tinha
parado por ali, que não teria algo novo pra me acompanhar no dia-a-dia da nossa
aldeia. Então veio a noticia do Pouca Vogal. Não sabia se curtia ou não, mas
aos poucos o Duca ganhou meu respeito também. O PV é algo mais maduro e ainda
mais intrigante com aquele swing esquisito. E hoje não há favorito e nenhum dos
dois é igual. Cada um com seu estilo e então, viva a diferença!
O
Humberto foi me parecendo ainda mais familiar quando comecei ler o blog dele, e
comecei a viver com ele. Nada como a expectativa da terça-feira pra ler um
texto novo, mesmo que ele surfe karmas e DNA. Lá descobri duas coisas que eu
realmente amei: o livro Nas Entrelinhas do Horizonte e a agenda.
Eu
devorei o livro e não queria terminá-lo nunca. Tudo ali fazia tanto sentido
que, no fim das contas, eu me sentia totalmente sem sentido. Li cada pedacinho
do livro saboreando cada palavra, e descobri que há muita coisa pra se entender
nas entrelinhas do horizonte dessa highway.
A
agenda é minha companheirona desde então. Todos os dias eu escrevo um
pensamento, um trecho de música. Um pedacinho do meu dia fica ali escrito. Cada
dia é uma variação de um mesmo tema. Ali estão as minhas confusões, que às
vezes me lembram a América Central. As minhas dúvidas também estão lá, mas como
elas são o preço da pureza, eu comecei a acreditar que é inútil ter certeza.
E
ao fim de tudo, quando escuto Engenheiros ou Pouca Vogal, cada dia é um dia
especial. Tudo isso pra dizer que o Humberto é meu ídolo. Que tudo que ele diz
tem um sentido pra mim, até as frases sem noção trazem uma sensação boa
inexplicável. Pra ser sincero, eu gostaria de conhecer ou pelo menos ver esse
cara tão simples de coração, mas que nos faz crer que estamos num refrão de um
bolero.