Olhos marejados só de pensar em como falaria. Horas treinando um 
discurso vago e meio hipócrita, mas ao mesmo tempo a melhor opção. Palavras que eram vagas. Músicas que já não faziam mais sentido.
A cada palavra que digitava naquela conversa era uma lágrima caindo em busca de um lugar seguro, mas ninguém estava ali comigo pra me apoiar e me manter forte além de mim mesma. Tive que ter a segurança e coragem que nunca havia usado, fui forte e permaneci forte. Não dei o braço a torcer, quando era o que mais queria.
O que esperava que escutar não foi o que escutei, esperava um pedido de desculpas e mil palavras que me fizessem calar e me sentir errada diante daquela decisão, e tudo que li foi 'se é assim que você quer... '. Talvez assim foi a melhor maneira de não voltar atrás.
Mas não foi fácil, não foi difícil, foi a decisão mais difícil que já fiz. As palavras mais difíceis de se dizer.
Mas depois que a cabeça esfriou, as lágrimas cessaram e o mundo voltou ao seu devido lugar, vejo que fiz certo. Que não havia maneira melhor, que às vezes temos que deixar o tempo tomar as rédeas em vez de tentar ter tudo sobre o nosso controle.
Não adianta ficar revirando tudo só pra machucar, deixe o baú fechado por um tempo se for necessário. Deixar o tempo tomar as decisões necessárias e deixar as coisas fluírem. Não adianta acelerar as coisas por vontade própria, se não atropelamos etapas, perdendo muita coisa e acaba dando errado.
Se a história começa ter muitas vírgulas e parênteses, é porque está precisando que por um ponto final.
A cabeça agora está no lugar, o humor não varia tanto quanto antes, as lágrimas diminuíram, os sorrisos saem com mais dificuldade, mas ao mesmo tempo com mais freqüência.
Uma decisão difícil, mas que muda tudo, talvez pra melhor.
